segunda-feira, 1 de março de 2010

aos poucos, ele vem chegando.


A primeira mudança começa com um ato quase nacional. O ajuste de relógios para o fim do horário de verão. Gesto simples, mas que já nos avisa que vai começar a escurecer uma hora mais cedo. Depois disso, a terra e o sol girando, girando e girando vão fazendo com que os dias se tornem cada vez mais curtos. Tu começas a reparar esse fato ao notar a partir da entrada do sol matinal no teu quarto que já não é mais na mesma direção que vinha sendo até então.

Junto com isso, começa a vir o frio. Foi semana passada que alteramos o horário. Foi semana passada que fomos agraciados com uma frente fria que veio da Argentina. O calorão deu uma amenizada. Não que não seja mais calor. Ainda é, mas dá para usar uma calça tranqüilamente. Sem medo de suar.

E a janela, sempre aberta para não sufocar entre tanto calor? Agora ela permite a entrada daquele ventinho que convoca o uso de um edredom, já que falta alguém próximo para abraçar e esquentar e dar o carinho de que tanto prescindimos. Ou que tanto queremos. E todas essa sensações com a chegada do frio misturam-se com uma nostalgia. Daquele rolo que poderia ter sido, mas não foi. O número ainda está lá na agenda; o recado, na página do Orkut; e a mensagem ficou para ser deletada, mas. O fantasma preenche mais que a pessoa que estava ao seu lado até ontem. E olha que cronologicamente esse ontem faz muito tempo que passou.

Na falta de alguém, vasculhamos nossos armários em busca de um casaquinho. Ou não, ficamos assim mesmo, vivenciando um friozinho amigo. Porque sentir o frio desse jeito não tem preço, mesmo que segundos depois venha uma série de espirros. Como se quisessem avisar “te agasalha, se não vem gripe”. Dane-se, não perco esse calor com vento fresco por nada.

A temperatura beira a um ideal, nem muito quente, nem muito frio. Mas que vai se tornar um frio que castiga. Enquanto o forte dele não chega, começamos as trocas. As bermudas pelas calças. Só camiseta por moleton, casaco, cachecol. Os sucos e frutas por brigadeiros e carboidratos. O champagne pelo vinho. A boate de todo final de semana por um programa mais reservado em casa. O caso rápido e festeiro do verão para uma troca de telefonemas que pode vir a ser. Outra noite, um cinema, uma transa, um affair.

E seguimos em frente, porque viver é isso. Depois do outono, vem o inverno. Reclusos, com nossos medos e fantasmas, hibernamos, fugindo do frio e dos perigos desse mundo. Um dia chega a primavera e começa tudo de novo. Porque a vida é dessas: cíclica!

Um comentário:

  1. Cíclica, e as vezes passa tão devagar...
    N'outras, passa tão rápido quanto um piscar de olhos.

    Mas acho que a velocidade não importa tanto, se entre um piscar e outro, encontramos pessoas legais.

    Como sempre, ótimo post!

    E Kid Abelha é uma das poucas bandas nacionais que gosto. Lindíssima canção.

    Abraço.

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