quinta-feira, 20 de maio de 2010

Coadjuvantes

Dizem que a arte imita a vida. E a recíproca também é verdadeira. Seja em filmes, seriados, novelas, sempre existem as personagens coadjuvantes. Aqueles cuja função é desempenhar um pequeno papel para impulsionar a história principal. É aquela personagem que entra para fazer uma maldade. É aquele bandido que entra para roubar a mocinha de seu amor. É aquela vaca que separa os dois pombinhos, antes do gran finale. E eu perderia uma eternidade descrevendo os diversos tipos de pessoas que entram, desempenham sua função e vão embora (e que nos irritam na maioria das vezes pelo fato de serem simplesmente tapa buracos).

Será que a vida imita a arte também nesse sentido? Diversas pessoas entram na nossa vida, fazem uma atuação coadjuvante e depois continuam a vida delas, que muitas vezes não significa virar um dos protagonistas da nossa história. Aquela história de carma é verdadeira? Era preciso que fosse só uma noite? Era preciso que aquele canalha entrasse na tua vida, te fizesse sofrer, magoasse e depois partir sem menos um adeus? Era preciso que tu gastasse toda aquela grana pagando bebidas para aquela pirigueti, que só queria saber de curtir a noite a tuas custas?

Às vezes, desejamos que as coisas deem certo, sejam eternas, e durem pra sempre. Talvez era preciso se machucar com um qualquer para depois curtir o verdadeiro amor. Talvez era necessário pagar bebidas para uma pirigueti para depois saber que podia se pagar um belo jantar a luz de velas com uma pessoa que realmente valha a pena. Foi preciso que ele entrasse na tua vida, te machucasse para tu aprender a não te entregar tão fácil? A ir devagar e saber que cada coisa tem seu tempo. Aprendida a lição, não cometes mais o mesmo erro... Lendo isso, parece fácil e soa tão bonito, mas na prática, na vida real, dói, machuca e angustia. Decepções não matam, mas ensinam a viver – é um clichê, mas só virou clichê, porque para virar clichê, tem que dar certo. Sofremos com as perdas, as faltas, os machucados. Porém, é isso que faz o mundo girar. Nem só de finais felizes a vida é feita. Talvez os coadjuvantes entrem em nossa vida para nos ensinar alguma coisa, antes de sermos felizes com os protagonistas de nossa historia.

[publicado originalmente no chiclé clichê em 07/09/09.]