sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Terra, águas, e o fogo.

São Luís, Julho de 2012. No táxi que levaria ao aeroporto, um diálogo com o taxista que não terminou. O assunto? O mesmo de sempre. Turistas? De onde? Gostaram daqui? Seguido de dicas sobre como a cidade poderia ser melhor aproveitada, seja por quem a habita, seja pelos turistas que a ela se dirigem. Porém, foram outras palavras proferidas por aquele senhor que transpassaram um peito que já aberto se encontrava. Delas, não lembro com exatidão. Faziam referencia a filha do taxista que decidiu vir para o Rio Grande do Sul morar, estudar, amar, desejar... "Fazer o que se ela quis assim, né?" - foi como aquele pai marcou essas linhas que diferentes vidas tratam de escrever.

Da dor de uma partida de um pai ao Rio Grande do Sul, próximo da filha, uma pergunta invade o passageiro: o que faz uma pessoa, como a filha, sair do conforto de um lar e ir para longe dos seus? Onde ela encontrará a segurança que uma casa oferece? Cortar raízes para poder locomover-se, ao mesmo tempo em que as raízes fizeram (e fazem) uma árvore se sustentar. Romper com o fixado requer brigas para poder seguir em frente? "Minha mãe me disse que tinha uma alma de camaleão, nada de bússola moral apontando para o norte. Nada de personalidade fixa. Apenas uma determinação interna que era tão grande e oscilante quanto o oceano."¹

E imagens se apresentam a nós: o jovem com sua obsessão por liberdade e o velho com as memórias que o sustentam. Na flexibilidade da dança das águas, ancorar em algum ponto ou ir para a terra em busca de tranquilidade? Ou a saída para situa-se nas estrelas, no céu? Procurar o que e quem se quer é o que faz com que nos locomovemos? E o que faz uma pessoa não querer ancorar-se em algum lugar? Ou melhor, o que faz uma pessoa ancorar-se em um lugar? Uma oportunidade? Um emprego? Talvez a resposta seja aquilo que sempre nos mantem em movimento, o desejo. Desejo de amar e ser amado? E quando o desejo requer passagens, demanda viagens, partidas e chegadas, por não estar perto? Ancorar-se é uma prova de disponibilidade para amar?

Entre vivido e o vivo, não importa aonde nos direcionarmos levaremos conosco nossas bagagens. De sujar a lavar, algumas peças vão ficando velhas. De algumas, precisamos nos desfazer. Uma bagagem não comporta uma vida, e desfazer-se de algumas coisas é necessário, mesmo que fiquemos sempre em um mesmo lugar.

E se não se trata de terra ou de água, mas do fogo? Do fogo que levamos a cada experiência. Do fogo que cada experiência pode nos trazer.

1.

Um comentário:

  1. Olá Willian adorei o seu blog, não consegui entrar em contato com você de outra forma sem ser comentando sua postagem. Contudo li sua postagem sobre ruivas, e sou ruiva, e você descreveu exatamente como funciona a cabeça de uma.. tenho um blog também, gostaria de poder entrar em contato com você, não se lhe é de eu interesse mas deixarei-o aqui mesmo assim
    loverordesire.blogspot.com.br
    https://www.facebook.com/hana.hcr
    E O FACE.
    Gostaria de saber se posso usar seu texto sobre as ruivas em meu blog, claro colocando a fonte.

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