sexta-feira, 11 de junho de 2010

os jogos que jogamos.


Quando crianças, para ocupar nosso tempo e como uma necessidade, brincamos. O brincar é uma primeira socialização com outras pessoas. Uma de suas modalidades são os jogos. Existem os mais variados e para os mais diversos gostos. Para quem precisa do contato físico, Twister. Para quem gosta de bolar estratégias, xadrez e afins. Para quem gosta de exibicionismo, não faltam jogos de montar roupas nas bonecas, e afins. Enfim, existem os mais diversos jogos que variam conforme o gosto de cada um. Porém, para que um jogo seja jogado é necessário a presença de duas ou mais pessoas, que estejam afim de brincar da mesma coisa.

O menino quer brincar de lutinha, mas a menina não está afim. A menina quer brincar de casinha, e convoca o menino para ser o 'homem' da casa. O menino encontra outro menino para brincar de lutinha, ou bate na menina. A menina brinca de casinha com outras meninas, fingindo estar sozinha porque o marido saiu de casa para trabalhar, mas que troca dicas de dona-de-casa com outras meninas [Sei que isso toca na questão do gênero, e eu estou extremamente sendo clichê, mas esse tema é discussão para outros post's.]

Crescemos, e descobrimos o jogo das relações, mais precisamente das relações amorosas. Para que um relacionamento vingue é preciso que as duas pessoas estejam afim do mesmo objetivo. Ou que haja um encaixe entre as diferentes formas de existir. Se isso não acontecer, bem, no hay relación. Algumas relações podem nos parecer estranhas, mas funcionam à sua maneira.

Por exemplo, existem mulheres que são vítimas de seus conjuguês e mesmo assim preferem ficar com eles. Se um terceiro interferir nessa relação, ela muda de configuração e pode até findar. Há ainda aquele relacionamento que se pauta em cima da assertiva "vou me matar, se você me deixar". Um lugar de impossibilidade de término é criado, que pode ou não ser ocupado pela pessoa a quem isso é destinado. A questão que me proponho a colocar é que por mais estranhamentos que essa frase possa causar é nisso que o relacionamento se baseia, caso ele vingue e ganhe vida. Outro exemplo possível são aqueles relacionamentos em que para segurar o homem, a mulher engravida. Como se esse fato fosse determinante da relação. Há casais que vivem muito bem, quase se matando entre quatro paredes, mas aparentando uma imagem perfeita e idealizada fora destas paredes. E é isso que os faz ficarem juntos.

Tal qual nos jogos infantis, é necessário que as pessoas estejam disponíveis para a mesma finalidade, que é construída por elas, enquanto configuração do relacionamento. Por mais que ao nossos olhos a relação seja impactante, como nos casos em que a relação se pauta em violência, se esse é o funcionamento que eles têm, não adianta querer modificá-lo, pois inclusive corremos o risco de terminarmos a relação, ainda que isso seja necessário quando há risco de vida ou outra questão que possa prejudicar alguém.

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