
Atualmente vivemos em era totalmente virtualizada, e isso atravessa diretamente a forma como nos relacionamos - vide toda a infinidade de redes sociais existentes. Para iniciar uma relação, adicionar. Para terminar, deletar. Tudo é rápido, instantâneo e mutável.
Além disso, as possibilidades para mudança são infinitas. Imagine você estar em uma festa e ter que desperdiçar aquela mina porque a patroa está ao lado? O ideal seria estar solteiro disponível para o que der e vier. Na tentativa de querer ter todas as possibilidades, acabamos criando a arte do desapego. Com isso, acabamos deixando de estabelecer vínculos um tanto mais profundos.
Tememos esses vínculos porque aprendemos a não perder. Tudo tem que render lucros, prazeres e histórias para serem contadas. Por mais que todos nossos afetos um dia partirão, seja lá qual a forma. Desde por livre espontânea vontade até a forma mais bruta de perder alguém que é a morte. Com medo de um dia sofrer, acabamos optando por deixar todos livres e nos mantermos livres. Todo mundo em constante movimento. A direção não interessa. O importante é o estar no constante ir-e-vir.
Então a nossa vida acaba carecendo de um sentido que são dados por nossos afetos. Por mais decepções que eles possam a vir nos causar, também haverão alegrias. Por mais altos e baixos que ocorram por conta deles, uma vida totalmente linear algumas vezes perde a graça. Apegue-se à tua família, mesmo que ela faça certas cobranças pensando no que ela acha melhor para ti, mesmo que tu saibas o que é melhor para ti. Apegue-se aos teus amigos, apesar de todas as possíveis divergências. Apegue-se àquela paixão, que realmente valha a pena, e transforme-a em amor. Apegue-se, viva, chore, ria. Não é porque o final é triste que o filme não valeu a pena. Perca o medo também, nem sempre o final é triste.
Sim, algumas das idéias defendidas aqui são um reflexo de algumas leituras do Bauman. (:
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